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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Hoje, lembrei-me de uma estória, que meu avô Totó, me contava. Era mais ou menos assim:
"Havia em um quintal uma galinha com uma ninhada de pintinhos. Um dos pintinhos sempre ficava rente a cerca do quintal, e certa vez a mãe perguntou à ele: "por quê você se interessa tanto por essa cerca?"
Ele respondeu: "tenho medo do que possa ter fora dela, ela me guarda, aqui me sinto seguro".
E a sábia mamãe respondeu: "você não deve pensar assim, há um mundo de aprendizado fora desse cercado, e o que existe lá fora pode ser bem melhor do que você tem aqui dentro. Mas, se você, não se arriscar, nunca saberá".

Adorava ouvir essa fábula, contada pela voz calma e amorosa do meu avô. 
E, fico matutando, se não foi a semente, plantada por essa estória, que despertou em mim, desde muito cedo, o desejo de viajar, e conhecer outras culturas, outras terras.

Na fase adulta, a vida me presenteou com a maravilhosa oportunidade de vez ou outra viajar.
E uma das coisas que não pude deixar de fazer, desde que comecei a viajar, foi notar as diferenças gritantes dos lugares que eu visitava, com o país em que eu nasci.
A primeira vez que estive na Europa, fiquei encantada com tanta coisa linda que vi, tanta história preservada. 
Em países como a Suiça, Suécia, Dinamarca, por exemplo, meu queijo caiu, ao observar a qualidade de vida, que o povo desfruta. Tão distante da realidade do nosso sofrido cotidiano no Brasil, quem faz trabalho social, ou participa de grupos de trabalhos voluntários, sabe bem do que falo.
 E me consolei pensando: Ah, a Europa é antiga, e nós, somos um país muito jovem, um dia também seremos assim.

Tempos depois, quando fui pela primeira vez aos EUA, meu queijo caiu de novo, ao ver o progresso de uma nação que foi descoberta por Colombo em 1492, e nós por Cabral em 1500, portanto, apenas 8 anos mais velha que nosso país.
Ai, não pude usar dos mesmos argumentos que usei quando me deslumbrei pelos países europeus, pois os EUA tem praticamente a idade do BRASIL.

Hoje em dia, podendo viver 6 meses do ano, nos EUA e outros 6 meses no Brasil, posso dizer, que nada, absolutamente nada, que assistimos em filmes, ou lemos em livros, ou jornais, pode nos dar a dimensão exata de um lugar. Somente conhecendo um local de perto, e mais do que uma simples viagem de turismo, quando podemos residir, por algum tempo no lugar.
Somente assim, podemos entender como tudo funciona por ali.
Toda vez, que passeio pelos parques super bem cuidados, ou  vejo as casas sem muros, com seus belos jardins, nos EUA, não consigo deixar de pensar nos parques quase abandonados de SP, e da casas todas muradas, com cercas eletricas, e cães, tudo na tentativa de ganhar um pouco de segurança.

Tenho que contar, que sempre que estou em NY, constato que estamos a anos luz, da qualidade de vida, que o povo americano conquistou, para viver o seu cotidiano.

O por quê, dessa diferença em qualidade de vida? 
Eu poderia até listar alguns pontos que são perfeitamente visíveis, para quem passa metade o ano aqui e outra acolá.
Mas, seria chover no molhado, pois nós brasileiros, estamos até o teto de saber os motivos, que faz com que a nação, em muitos aspectos fundamentais, como educação, saúde, segurança, de um passo pra frente, e volte dois para trás.

Só posso dizer, sem receio de criticas, que se não tivesse minha filha e genro, vivendo no país, e negocios que geram empregos no Brasil. Eu e meu marido optaríamos por viver em NY.
 Por quê NY? e não outro lugar qualquer do mundo?
Simplesmente, por termos um elo de afeto com essa cidade, que há mais de 10 anos, é o lugar em que nosso filho, nora e netinho vivem.
Sem dúvida também, por ser uma cidade muito gostosa de se viver, uma cidade eclética, super cultural, onde podemos cruzar a cada esquina, com pessoas do mundo inteiro.

Quanto ao Brasil, desde a minha infância, ouço a famosa frase : "O Brasil é o país do futuro".
E pelo cenário atual, fico a pensar, que continuará por muito tempo a ser "O país do futuro".
Eu, sem dúvida, vou continuar a desejar (pois sou uma otimista de carteirinha) que esse futuro, um dia se torne tempo presente. 







7 comentários:

  1. Boa tarde Lena, fiquei emocionada com o seu texto! A historia que seu avô lhe contava e tudo o resto!
    Primeiro, porque senti nostalgia de meu filho mais velho que viveu seis em NY e agora está Toronto e o meu coração sempre a doer!
    Depois o meu remorso por ainda não o ter visitado nesses países, porque ele costuma vir aqui de férias!
    No entanto não tenho tido possibilidades de viajar pelo estrangeiro (muito pouco), mas sabe quando vou a algum lado sinto uma enorme nostalgia e tenho que regressar a casa, seja de ferias e passeios mesmo em Portugal um País tão pequenino!
    No seu caso compreendo, porque tem já netinho e isso arrasta no bom sentido do termo o seu coraçãozinho para lá!
    É assim as nossas vidas!
    Um beijinho,
    Ailime

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  2. Texto muito bonito e verdadeiro, Lena! Realmente muito reflexivo!!
    Brasil querido e tão largado... Ah, que venha o futuro e vivas esperanças!...
    Lindas paisagens...
    O meu abraço... Amei o seu comentário por lá... Bem sincero!

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  3. Parabéns, Lena, pelo seu expressivo e comovente texto!
    O nosso Brasil está cada vez mais desacreditado, pelos seus irmãos brasileiros... beijos ternos,

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  4. Ela é uma bela cidade , é claro que nem se compara com o Brasil,
    uma pena , e o ditado do seu avó é muito verdadeiro , temos que desapegar pra
    viver novas experiecias.
    beijinhos querida.
    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

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  5. Você descreveu muito bem! Eu que não sou tanto otimista, pergunto:- "Será que um dia será O País do Presente?" - Eu tenho cá minhas dúvidas. Em 1976, tanto em NY quanto Miami, nos banheiros de aeroportos, rodoviárias, grandes locais públicos, a descarga era dada com o pé, apertando-se um botão existente ao lado do vaso. Nada de tocar a mão em botão posto na parede ou no próprio vaso. Desde então, há quase 40 ANOS, eu nunca vi um aqui em São Paulo. Parece incrível!

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  6. oi Lena

    Essas experiências propiciam novos conhecimentos, e o mundo está cheio deles.
    Adorei a historinha.

    bjokas e um lindo fds =)

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  7. Lena, que lindo ensinamento seu avô transmitiu...
    Achei lindo também vc e seu marido optarem por não deixar de vez o Brasil, pensarem nos empregos que geram por aqui. Admiro demais sua sensibilidade, seu modo de encarar a vida.
    As fotos estão lindas. Espero que um dia esse futuro chegue ao Brasil... Um grande bj

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